Meu estúpido amor
Não fiz sequer menção,
Em momento algum,
De que em algum dia te daria todo meu amor
e carinho
na gaiola aconchegante de uma relação monogâmica.
Talvez, é verdade,
pudesse eu te dar algum amor,
algum carinho,
posto que, à bem da verdade,
em mim
o teu olhar nos olhos passavam sempre a sensação de estar boiando,
boiando em águas calmas,
e banhando-me, portanto,
naquele mar de emoções
que o teu olhar nos olhos me afogava.
Mas poder dar,
como deverás, à golpes de razão,
concluir,
não significa dar tudo,
e tampouco sempre,
signfica,
tão somente,
dar.
E dar-lhe algum amor,
algum carinho,
isso eu fiz -
Mas, se fui feliz,
Não sei dizer.
Então por quê
me julgas mal, ingrata?
Foram os teus ouvidos que ouviram palavras que jamais proferi;
os teus olhos, gestos que jamais fizera;
o teu coração, um amor eterno
que eu nunca hei jurado.
Aliás, nisso vemos o quão falso é
esse teu suposto amor,
Que te gabas em sentir.
Como podes ter me amado tanto,
Como alegas em teus pensamentos,
Se agora sentes por mim o maior de todos os ódios do gênero humano,
a saber,
O ódio de ser rejeitada por um homem que deseja?
Que tipo de amor é esse que não resiste a uma recusa?
Será que realmente me amavas,
Ou amavas apenas a ideia
De me amar?
Meu amor,
esse sim foi verdadeiro,
Ainda que breve.
Prova isso,
Talvez,
O fato de ainda querer-te bem
E de que,
Apesar de considerar-te uma estúpida,
Em ti
ao menos
a estupidez ganha ares de beleza,
Como um peido cheiroso,
Um peido de anjo.
À você, envio beijos de razão,
Meu estúpido amor.
22 de setembro de 2024, Natal/RN