DESPEDAÇADO
Outra vez juntando os cacos do meu coração,
Que novamente transbordou
E saiu do peito.
Não tem jeito,
Esse sujeito nada oculto insiste em se apaixonar,
Subiu numa nuvem e tentou voar,
Mas mal conseguiu se equilibrar
E caiu do ar, se espatifando no chão.
Quantas vezes um coração pode se quebrar?
Tão frágil vidro com vários estilhaços perdidos,
Impossíveis de juntar.
Vê-se ao longe os trincos com resquícios de cola.
Cada caco ainda pulsa
E sangra as minhas dores
Nascidas de sentimentos unilaterais,
Armas afiadas e mortais.
Cada caco parece carregar todo peso do mundo,
Carrega o fardo de amores profundos que só fizeram machucados.
Quem, se não eu, irá colar meu pedaços?
Fragmentos que mesmo cheios de remendos
Tem pontas soltas a me ferir por dentro.
Enorme desalento que disfarço com sorrisos
E finjo não estar perecendo.