DESPETALADA

Despi-me de ti

Não como quem tira roupas para lavar

Mas como quem se despetala

No final da primavera.

E cada pétala murcha e ressequida

Não tornará ao meu corpo ferido,

Despido,

Impiedosamente nu e indefeso.

Mas,... mais leve!

Leve do jugo de tua efemeridade sentida,

Da oscilação de tuas cores camufladas,

Da transitoriedade de teus odores

Com que insistes em fazer de mim

"Flor que não se cheire"...

Importa-me o substrato essencial e concreto

Do pólen da minha existência

Zelar pelas sementes

Reverberar meus frutos...

Em um solo fértil e de força temporã.

By Nina Costa, 31/08/2024.

Mimoso do Sul, Espírito Santo, Brasil.

Nina Costa
Enviado por Nina Costa em 01/09/2024
Reeditado em 23/09/2024
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