Precisa de significado para viver o luto
Alguns me julgam por não viver o luto,
Luto é uma perda significativa,
E enquanto eu diariamente luto,
Não perdi para dizer que me importava.
O que perdi, mas me compensou,
Perdi o medo, as amarras e aquele que me amarrou,
Isto foi a maior prova de amor,
Deixar de sentir certa dor.
Não fui covarde,
Nem saí derrotado,
Só fiz a minha parte,
Deixei o lar calado.
Lar, também é inconsistente,
Uma casa de habitação,
Ali habitaram seres difíceis,
Mas não amores por uma função.
Agora saudades, só em específico,
De uma criança agitada e outra quieta,
De familiares gentis, foi um voto de Minerva,
Cachorros e carinhos, que não eram da mão dela.
Houve sonhos e eu despeço,
Houve carinho e apreço,
Mas não quis ficar e paguei o preço,
O preço que uma liberdade representa.
O silêncio aqui é ensurdecedor,
Somente minha própria loucura, eu sorrio,
De tão longe de tudo, parece um exílio,
Mas o pior de tudo, é o alívio.
Não há luto para viver,
Nem julgamento a merecer,
Se fui corajoso ou fui covarde,
Cabe somente minha parte.
E deixarias todo nome, toda prole,
Noah, Maria Flor,
Me despeço com carinho,
Despeço-me com amor.
Arrependimento? Nunca,
Sentimento de culpa na nuca,
Mas eu iria embora quantas vezes fossem necessárias,
Para não viver vidas ordinárias.
Amar é deixar ir, sabia que aconteceria,
Mas minha autoestima esperaria,
Que ela cederia,
Me abandonaria.
Há dádiva no adeus,
Seja o próprio propósito de Deus,
Não sinto dor, ódio, mágoa ou rancor,
Eu sou um com o Senhor.
Há palavras que não digo mais,
Mas não digo que não repetirei jamais,
Terão o mesmo significado,
Mas agora com outro amado.
Enquanto recolhi minhas coisas,
Me vi indo embora novamente,
Repetindo milhões de vezes em minha mente,
Foram-se todas as prosas.
O para sempre é para sempre,
Enquanto ele durar,
Não se pode negar,
O fim de um cumprimento sorridente.
Queria que significasse mais que isso querida,
Mas essa é uma passagem só de ida,
Não há volta, eu não queria ir,
Mas se eu não fosse, quem iria por mim?
Foi coragem,
Foi miragem,
Foi passagem,
Nada de arbitragem.
Não te culpo, nem te julgo,
Pelo que disse ou quis dizer,
Pelo que é verdade ou quis fazer parecer,
O que fomos, acabou por merecer.
Se fui tolo,
Se fui ogro,
Depende de interpretação,
Maior que minha reencarnação.
Tenho medo de recomeços,
E até de começos,
Mas não importa aonde vão,
Somos todos os mesmos.
Desta vez não estou irado,
Nem sou filho do pecado,
Apenas sigo de uma vez,
Quebrado mais uma vez.