Passei pela sua rua e não bati em sua porta
invisível e perdido entre ruas feias e rodoviárias fétidas que refletem a sordidez humana eu morri
os ratos saem dos bueiros à noite para que eu me lembre do que somos
escrevi o poema de minha vida na porta de um banheiro todo mijado e sem papel onde pus para fora toda a miserável existência
é indizível a emoção que tento escrever, toda palavra é morta e mórbida
passei pelas ruas frias que nós um dia pisamos e encontrei pedaços de meu coração
passei pela sua rua e não bati em sua porta
toda a sujeira se foi pelo ralo de um banheiro desconhecido entre inúmeros banheiros desconhecidos
onde lavei uma alma que nunca está limpa