Passei pela sua rua e não bati em sua porta

invisível e perdido entre ruas feias e rodoviárias fétidas que refletem a sordidez humana eu morri

os ratos saem dos bueiros à noite para que eu me lembre do que somos

escrevi o poema de minha vida na porta de um banheiro todo mijado e sem papel onde pus para fora toda a miserável existência

é indizível a emoção que tento escrever, toda palavra é morta e mórbida

passei pelas ruas frias que nós um dia pisamos e encontrei pedaços de meu coração

passei pela sua rua e não bati em sua porta

toda a sujeira se foi pelo ralo de um banheiro desconhecido entre inúmeros banheiros desconhecidos

onde lavei uma alma que nunca está limpa

Samuel Perim Sena
Enviado por Samuel Perim Sena em 10/06/2024
Código do texto: T8083104
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