Espinhos sem rosas

Olhei em teus olhos tristes,

Aqueles que fingiram amar,

Disse-te sem palavras o fim,

Quando quisestes encenar,

Arrogância que não te cabia,

Pintou cenários deformados,

Pensou capturar planetas,

Acreditar que o sol girava,

Em torno de si para sempre,

Estavas enganada em delírios,

Alimentando-te de fábulas,

Tentando tocar fantasmas vãos,

Não há sons para ouvidos surdos,

Não vivo para suportar tolices,

Não sou a salvação de perdidos,

Esqueço o que deixa de significar,

Sopro para longe o que só fere,

Espinhos sem rosas nos jardins,

Não os quero cortando minha pele,

São revoltosos sem forma ou cor,

Machucam o que não conseguem ter,

Espetam o que não são em essência,

Afasto-me das intempéries da vida,

Minha existência tem propósitos,

Sentidos agudos para ressoar,

Quero tocar pessoas com coração,

Aqueles que têm aventura na alma,

Sorrisos que acalentam a jornada,

Sou as sombras de tuas lembranças,

Apaga-me de vez de teus dissabores,

Há muito em mim que jamais vistes,

Minhas galáxias nunca foram tuas,

Cega que estavas em tuas ilusões,

Desfiou teus próprios bordados,

Emaranhado de linhas mal traçadas,

Rabiscou teu destino sem corretor,

Lamentei enveredar em torpes ações,

Mas somos donos das escolhas feitas,

Girei nos calcanhares para sumir de ti,

Alcancei novas percepções de mundo,

Há novas danças e saloons para visitar,

Musicalidade verdadeira para deleite,

Lugares onde rosas verdadeiras moram,

Aquelas que não nos cortam os pulsos...