Poesia doética e da cor
Essa poesia é doética, de dor, poesia étnica, de cor
Dói-me muito narrar poeticamente o seguinte
É tudo verdade, eu vi acontecer
A senhora negra entre sessenta e setenta anos
Pedia um dinheiro para comer
Junto dela uma jovem neta pós-adolescente
A face da vergonha e da dor da fome com elas
Quase gemeu ao dizer a senhora chorando
A fome é triste e o olhar de desamparo e choro
Da jovem bela do lado da avó famintas
A avó fora jovem, passou fome ou se alimentou
Com fartura, na velhice passava fome ao lado
Da neta, fora linda como a neta, agora com faces marcadas
As mãos calejadas da avó indicavam que trabalhou por demais
E o futuro da quase adolescente se mesclava com o passado da avó
Entroncava o presente de ambas e não posso falar mais pois me travou
A voz e não vou poder mais me orgulhar de ser gente porque vi essa cena.
Chorei, chorei, chorei com elas, foi só o que pude fazer.
Rodison Roberto Santos
São Paulo, 03 de agosto de 2022