Poema de escárnio a Helena
Mulher de seiva bruta e venenosa
Embora perfumosa d ‘alfazema
És uma flor alva e desonrosa
De vis sorrisos e alcunha de Helena
Riu-se ela de meu ser, outrora
Que a flor de meu jardim fora Açucena
Que esta canção de melodia impiedosa
Seja o punhal que te rasura em meus poemas
Caiam todas tuas pétalas mentirosas
E nunca tenha a cor carmim Rosa-Morena
Aquela que exaltei Maria-Formosa
Aos pés da Santa Cruz, a Madalena
Os tristes ais que da sacada a atriz encena
Falso teatro à luz da lua milagrosa
Do bosque das nozes, já sem pena
Uma plateia de esquilos foi-se embora
Sozinha na escuridão está Helena
De tão vazia, no vazio se demora
A noite e a lua vão-se tristes e serenas
E feito lágrima, a estrela cadente, chora
MARCANTE, Alexandre.
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