Quando a paixão se vai
Nada aqui é novo
Do nada nada surge
Misturo palavras repetidas
Para expressar experiências já vividas
Repouso meu corpo na montanha
Esperando o desabrochar do sol
Sou mais sereno hoje
Sou tão grato pelo amor
Quanto pelo desamor
Posso amar só
Mas paixão se vive a dois
Amor é flor que vira fruto
Solitária, nunca se acaba
Se reproduz na vida
Semente ao vento perdida
Ressurgindo do chão
Paixão vive na dicotomia
Entre xilema e floema
É a dialética do coração
Se vai, tem que ter volta
Se não volta, nunca chegou a ir
Sístole e diástole
Entre veias e artérias
Pulsam vão e voltam
E se perdem no corpo
O sol rompe a serra rosácea
Meu corpo sobre a relva
Sou grato pelo passado
Ele é tudo que sou
Agradeço ainda mais ao futuro
Pois é tudo que serei
Eu posso amar só para sempre
Mas não posso me apaixonar só
Sequer por um dia da vida
Dessa vida breve sem fim