Beija flor

Ó meu querido beija-flor

Tão meu quanto os sóis que se iluminam

Nas noites cálidas do ardor

Tão meu quanto a chuva lívida

Que me escorres sem pudor

Meu beija-flor não tem gaiola

És livre e decola, sem destinos, sem demora

Quem dera fosses bem meu

Que se pudesse aninhar

Entre as petálas do meu gostar

Ó querido passarinho, ávido encanto

Com essas asas tão formosas

Pousa flor em flor a cada canto

Bebendo de outros afetos

Cultivando outras prosas

Ó meu querido beija-flor

Te tenho só por um instante

Me contento com sua dose de querer

Mistura de outras cores, aromas, sabores

De onde passas a volver

Meu fugido beija-flor não tem dono

Já eu retomo, enraizada e desfeita

Como quarquer outra flor

Por quem pisas sem intenção de causar dor

Pouco estimo, rente amor

Ó avezinha, não se engane

Longe eu querer podar sua alforria

De amores-prisão, covardia

Tola eu, em querer-te desse jeito

Sabendo que esse anseio é o que me judia.

Lyriel
Enviado por Lyriel em 27/02/2024
Código do texto: T8008640
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