Perpétua Sentença
Eu nunca esquecerei a dor da rejeição, um menino iludido, perdido sem chão
Naquela tarde, minhas súplicas, negativa resposta, o impacto do não
Estava ali diante de nossa história, já passada, para você apenas memórias
Eu vi em detalhes a frieza com a qual fui ignorado, objetificado, ao meio cortado
Minhas lágrimas confundidas com a torneira aberta, seu semblante fechado
Nem em meu rosto você fez questão de olhar antes da decisão, terminar o jogo
Depois daquela tarde, os dias transformaram-se em noites, sem significado
O brilho próprio que tanto emanava foi tragado para a escuridão, anos-luz apagado
Tempos depois, já curado, uma ligação em busca de perdão, intimidade
Nas voltas do mundo, reencontro com minha essência, auto-estima, verdade
Minha vez de devolver com cautela o que foi amor, convertido em indiferença
E o que me traz paz é saber que já não vivo mais sob essa perpétua sentença.