O TEMPO REINA
Em um instante tudo tão indeciso
Revirando na cama em ansiedades pelo
Que possa pausar o processo doloroso
E desgastante do desamor, do desgostar
A covardia em reprimir até repulsar
Dor que pousa no peito, pisa, vagueia
Até o estado que esquece os porquês.
Implorou por um calor que não mais
Fazia por esquentar e esfriou e apagou
Fumaça cinza sinaliza o transformar.
A vida retomando o fluxo, não parecia,
Ou pertencia, não era meu aquele vazio,
Indo, não tenho ideia de onde o colocar
Ali adiante também um passo promissor
Pra atravessar o túnel da desilusão
Meu coração, como qualquer coração
Vivo, batia, só doía, porém isso fazia
Parte primordial do percurso. Não impedia
Que continuasse a existir, acontecer,
O controle de tudo não encontrava-se
Mais em minhas mãos (e quando sim?).
Cometi apenas um pecado desde então:
O café esfriou. Divagando, devagar
Sem me importar o impacto de opiniões
Que desencadeiam sem solicitar,
Um contemplar de possibilidades,
Motivos, vantagens, pra compreender
O que acontece no peito, tempo ao tempo
Respeitando, renascendo, desfazendo
E entre frações de batimentos acomodar
O linear progressivo entre soluções e soluçar
Querendo abocanhar ainda mais os benefícios da solidão
Sem a necessidade de permanecer a sós pra eternizar
Umedecendo o peito, de vez em quando e pausa
Noutro canto pranto, que é pra não solidificar.