O TEMPO REINA

Em um instante tudo tão indeciso

Revirando na cama em ansiedades pelo

Que possa pausar o processo doloroso

E desgastante do desamor, do desgostar

A covardia em reprimir até repulsar

Dor que pousa no peito, pisa, vagueia

Até o estado que esquece os porquês.

Implorou por um calor que não mais

Fazia por esquentar e esfriou e apagou

Fumaça cinza sinaliza o transformar.

A vida retomando o fluxo, não parecia,

Ou pertencia, não era meu aquele vazio,

Indo, não tenho ideia de onde o colocar

Ali adiante também um passo promissor

Pra atravessar o túnel da desilusão

Meu coração, como qualquer coração

Vivo, batia, só doía, porém isso fazia

Parte primordial do percurso. Não impedia

Que continuasse a existir, acontecer,

O controle de tudo não encontrava-se

Mais em minhas mãos (e quando sim?).

Cometi apenas um pecado desde então:

O café esfriou. Divagando, devagar

Sem me importar o impacto de opiniões

Que desencadeiam sem solicitar,

Um contemplar de possibilidades,

Motivos, vantagens, pra compreender

O que acontece no peito, tempo ao tempo

Respeitando, renascendo, desfazendo

E entre frações de batimentos acomodar

O linear progressivo entre soluções e soluçar

Querendo abocanhar ainda mais os benefícios da solidão

Sem a necessidade de permanecer a sós pra eternizar

Umedecendo o peito, de vez enquanto e pausa

Noutro canto pranto, que é pra não solidificar.

Pablo Machado
Enviado por Pablo Machado em 18/12/2023
Código do texto: T7956515
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