Descalça

Ela sentia fome.

Fome de afetos,

de carinho.

Fome de mimos.

Mas também sentia desejo.

Desejo

de ser tocada,

amada,

arrebatada.

Ela estava descalça

e sem medo

caminhou.

Despiu pudores

as dores

que seguiram com ela

até chegar a ele.

Ela estava descalça

e nua

de mãos abertas

com o peito deserto

à espera

de preencher o vazio.

Foi rio

que galgou

lençóis imaculados

agora amarrotados

pela solidão.

Ela queria

arrebatamento,

mas o sentimento

nunca deixou de ser

a sua essência.

Ela estava descalça

e ele nunca o percebeu.

.

Ana Paula Cardiano
Enviado por Ana Paula Cardiano em 12/12/2023
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