Descalça
Ela sentia fome.
Fome de afetos,
de carinho.
Fome de mimos.
Mas também sentia desejo.
Desejo
de ser tocada,
amada,
arrebatada.
Ela estava descalça
e sem medo
caminhou.
Despiu pudores
as dores
que seguiram com ela
até chegar a ele.
Ela estava descalça
e nua
de mãos abertas
com o peito deserto
à espera
de preencher o vazio.
Foi rio
que galgou
lençóis imaculados
agora amarrotados
pela solidão.
Ela queria
arrebatamento,
mas o sentimento
nunca deixou de ser
a sua essência.
Ela estava descalça
e ele nunca o percebeu.
.