Mariel
Você deviria esfregar as mãos
Em dois dedos de vinagre
Há delitos sonegados todas as vezes
Que você gesticula em sua fala
Amante delatado com um olhar
Apoiado entre arqueiros
A meia luz, adivinhando alvos
Apodrecendo álibis interditáveis
Tais dedos desperdiçam um rosto
Envolto no emaranhado nostálgico
Inventou um artefato capaz de dissimular
Qualquer efeito prático de revolta
Escavam entre suas pupilas
Um poleiro para abutres recostarem
E admitirem um busto decadente
Semelhante em toda a humanidade
Estes lábios tão cercados de bússolas
Cada uma dessas palavras desovadas
São quem sabe da náusea ressentida
A espera dos espólios das flores prometidas
A melodia do cotidiano explode entre testemunhos
Anzóis riscando o assoalho, flores de plástico derretendo
O amor disfarça sua morada em mãos
Querendo guardar rostos como segredos
A despedida encenada pronta para transcorrer o enredo
Maré alta e depois pedra. Um olhar morado na janela
Um feitio substituindo faróis, uma reza esticada para laçar
Através do sal do mar aonde quer que você esteja
Enterra âncoras, repete o auto
Desenha na noite semelhantes
Dança perene pela recordação ambulante
Não há mais encanto e sim vontades aplacadas