Me ensine a apagar sentimentos
Eu senti dentro de mim cair pedaços
Dores, recomeços, aconteço, desapareço
Nunca terei plenitude, carregando o fardo
Sorrisos, primeiros beijos, primeiros toques
Passagens boas de momentos que nunca mais retornam
A alegria que me proporcionou causou a minha queda
Mas ainda em outros olhos ela me assombra
Quando eu noto que eu sou apenas indesejado
Coração partido, mal acostumado,
Com o vácuo proporcionado pela fixação de um recomeço
“Eu encontrarei alguém que supere tudo que senti por você”
Amaldiçoado pela obstinação mas fraqueza de desejo
Onde eu busco colher flores, talos viram serpentes
Pétalas viram asas de insetos e o cheiro de terra molhada
Se transforma em cheiro de queimada
Onde eu encontrava uma terra fértil
Um solo para minha existência
Vivi praga sobre praga em um corpo fraquejando
Eu não quero desejar amar, eu sei que não existe felicidade
Em meu corpo marcado pelo flagelo da destruição e do tempo.
Alguém me ensine a sublimar a dependência de alcançar a completude
Sem precisar alcançar a tão jubilosa e sublime união
Com quem eu sei que fui escolhido e fascinado
Onde encontraria pequenas alegrias e grandes sonhos
Onde eu finalmente queimaria e iluminaria
Na fissão do “eu” e “tu” em “nós”
Ressignificando cada palavra, cada convívio
Cada carinho ou sorriso que juntaria
Por serem algo sem preço, a meu ver,
Devo acreditar? Há como sublimar?
E aprender a congelar meu maior sonho
Imutável e irreal, sem forças para
Me fazer querer alcançar o que quase consegui
Em amores que não consegui a plenitude.