O SINO
Um dia pedi emprestado o badalo,
o bronze e a exatidão de um sino
para a minha poesia.
Eu ouvia o sino da igreja do meu bairro
e às seis horas, tudo se confirmava.
Longe.
Era poesia
e meu coração ressoava para você
um lado badalo, um lado bronze,
um lado exato.
Mas um dia, querida, nos separamos
e o meu sino interno quis do meu ser poético,
que eu incluísse alguma ressonância
ao fim do nosso amor:
“Um dia você me disse adeus,
enquanto algo badalava.
era o teu coração de carne
já completamente rochoso e cruel
batendo no sino
de uma inusitada capelinha”.