O SINO

Um dia pedi emprestado o badalo,

o bronze e a exatidão de um sino

para a minha poesia.

Eu ouvia o sino da igreja do meu bairro

e às seis horas, tudo se confirmava.

Longe.

Era poesia

e meu coração ressoava para você

um lado badalo, um lado bronze,

um lado exato.

Mas um dia, querida, nos separamos

e o meu sino interno quis do meu ser poético,

que eu incluísse alguma ressonância

ao fim do nosso amor:

“Um dia você me disse adeus,

enquanto algo badalava.

era o teu coração de carne

já completamente rochoso e cruel

batendo no sino

de uma inusitada capelinha”.

Paulo Fontenelle de Araujo
Enviado por Paulo Fontenelle de Araujo em 28/10/2023
Reeditado em 28/10/2023
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