Espelho Ingrato
Uma lágrima rola
em minha face,
cada vez ao olhar
o espelho ingrato,
ele mostra sem piedade
toda a minha dor
de te perder,
de não te ver
além de uma sombra
no vidro.
É memória viva
ao olhar para mim
constatar toda dor latente
em meu peito dolente,
como espada cravada de solidão.
Ó espelho malvado,
tira de mim a face oculta,
de outro olhar tristonho
ao ter me deixado tão cedo,
na mais cruel dor,
não desejada,
não me querias ver sofrer,
não foi possível o contrário.
Ó sombra da minha alma
desolada e amante fiel,
não te olho mais
já te vejo no oculto,
na essência do meu ser
saudoso e sofrido,
não fora o espelho,
seria o mar, a areia molhada
onde piso e encharco
a cada dia mais e mais...