O fim de um poeta

Tudo em mim estava fora

Direcionado à outro

Caçando afetos, mendigando esmola.

Eu me deixei de lado

Minhas habilidades, meus dons

Meus sonhos, objetivos

Tudo de lado

Para nada, por nada.

Essa energia que dei vazão

Toda ela sem razão

Me deixou exaurido

Perdido, sem direção.

Ah, meu pai amado

Como fui tão negligente

Amei o mundo e as mulheres

Mas para mim não fui presente.

Mas, agora, sinto-me renovado

As dores de ontem foram embora

Os amores fracassados

São só lembranças, não fantasmas.

Sinto que envelheci cinquenta anos em cinco

Enfim baixei as armas.

E isso só me custou a inocência

Um preço injusto a se pagar

Mas que posso eu fazer?

Resta-me aceitar.

A morena dos olhos castanhos,

A loirinha do olhar esverdeado,

A ruiva, a preta, a parda,

Mulheres, apenas mulheres!

Dei-lhes mais atenção do que devia

Era tudo o que eu queria

Mas o que eu nunca precisei.

Eu realmente cansei

Cansei de amores passageiros, que de lembranças boas só deixam esses versos.

Não sei amar - ou sei demais

O ponto é que não dá certo

Nunca vai dar.

Não dá para nadar no raso

No profundo eu me afoguei

O meio termo, a praia perfeita, o lago impávido, o rio sereno

Nesses nunca me banhei.

É hora de reconhecer

É hora de aceitar

Que de amor não dá pra viver

E eu não quero mais sonhar.

26 de setembro de 2023, Natal/RN

Augustophilo
Enviado por Augustophilo em 26/09/2023
Código do texto: T7894275
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