Deixa-me Só

Deixa-me só no silêncio do meu quarto

ao abandono das horas, dos instantes,

se fico só porque chegas quando parto

deixa-me só neste frio que é constante.

Deixa-me só nesta cama de vento

onde os sonhos são gelados como a água

e se durmo em lençois de sofrimento

deixa-me só na noite desta mágoa.

Deixa-me só cheio de cal e solidão

mártir do tempo, calçado de pó,

deixa-me só, nada devo ao coração,

ausente e triste, já disse, deixa-me só.

E desce um vazio aberto sobre mim

mar profundo hermético e fechado

nas frias madrugadas que por fim

me deixam ao abandono do Passado.

Ricardo Maria Louro
Enviado por Ricardo Maria Louro em 31/08/2023
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