Domingo de Sangue
Aperto no peito e
coração acelerado.
Nada me dói mais do que
lembrar do passado.
De quando eu sorria
ao acordar
porque com você
havia sonhado;
de quando eu
ainda conseguia dormir
com os olhos fechados.
De quando sua doce voz
fazia meu coração
bater descompassado;
mas ele estava feliz.
Você era minha ,
em mim criou raiz.
Deve ser por isso
que agora eu mal consigo
ficar em pé.
Você seguiu em frente,
mas ainda habita minha mente.
Os olhos transbordam
e me fazem detestar
melodias contentes.
Preciso que acabe logo
com essas correntes
que me prendem
à idealização de que um dia
estaremos frente a frente
novamente.
Não há sangue,
mas algo em mim
sofreu um acidente
gravíssimo.
Não sei se há chances
de melhora.
O que sei é que
meu corpo ainda te adora,
e é capaz de se autodestruir
só pra te ver sorrir.
Você partiu
e tá tudo bem.
Mas eu não quero
mais ninguém.
Aqui me despeço do amor
e dou adeus também
ao seu calor.
Que a vida te envolva
com sabedoria e paixão
e que você faça morada
em outro coração.
O meu está partido
e foi muito doído.
Meu mundo deixou
de ser colorido.
É palido e apático,
mas o sorriso simpático
continua
enquanto caminho pela rua.
A vida não me foi muito gentil,
mas eis aqui a verdade nua:
eu sempre vou te lembrar,
mesmo nunca mais sendo sua.