Flores de plástico

Pessoas dizem acreditar em almas gêmeas,

em conexões profundas e inexplicáveis,

amores transcendentes e infinitos,

sentimentos a essência e não ao corpo,

encontros destinados e almejados,

estando abertas para o que vier,

por serem diferentes do restante,

por não se enquadrarem em caixinhas,

por fugirem à normalidade posta,

mas quando os desafios se apresentam

fogem, rejeitam, viram o rosto, ignoram,

dizem não estar preparadas ou abertas,

choram lágrimas de decepção,

vivem na agonia de estarem à prova,

tateando pelo retorno do familiar,

no final, são apenas mais do mesmo,

mais palavras lançadas ao vento,

esquecidas na primeira curva,

presas que sempre estarão à convenções,

vinculadas à concepções formatadas de mundo,

no fundo, os detalhes não importam,

não há nada para além da aparência,

só vazio e falsas romantizações da vida,

amam a ideia do amor e não as pessoas que as amam,

continuam a se arriscar no desamor costumeiro,

não há disponibilidade ou coragem para o novo,

o imprevisível murcha diante do real significado,

a esperança morre no deserto dos iguais,

são flores de plástico na vitrine da existência.