lembrança do esquecimento
por quem espero e não vejo
tome esse poema
e coma minha mente
e ferva meus sentidos
e não corte meu coração,
por favor
que já está com as marcações feitas
por quem escrevo e não aviso
teu nome está em cada palavra
por onde começa o alfabeto
e por onde jaz a décima letra
teu nome quase impronunciável
pra uma criança (que sou)
e teu nome tão comum nesse
Brasil de Marias (que também sou)
por quem chamo e não posso ouvir
por quem ardo e não me sente
por quem penso mesmo no esquecimento
por quem ainda gasto versos ruins
e não rasgo,
pior,
publico
por quem pago minha língua
por quem me deixei ter medo
e vergonha
e raiva
e paixão
e trauma
e ciúme
e nada
e nada
e nada
tanto nada
que de tanto
em tanto
amei
e amei
e amei
e amo
mesmo sem saber nadar
sem saber que afogamento
por palavras
não é pra quem elas
foram destinadas
quem morre
é quem escreve
e nunca é de amor
declarações não servem
pra absolutamente nada
a não ser que sejam
uma sinopse do que está
por vir
e eu só sinto
muito