QUEM SABE?

Quem sabe a princesa virou uma bruxa

E a querida madame uma rejeitada mendiga

Como uma fagulha de luz que no fim da rua

De tão distante e ofuscada não mais brilha.

Quem sabe o bem virou o mal

E a escuridão da noite em iluminado dia

A premissa inicial em sentença final

A benção necessária em esdrúxula heresia.

Quem sabe a solidão virou melhor companhia

Como avaliar o absurdo como algo normal

A eufórica alegria em monótona melancolia

O flerte experimental num sentimento fatal.

Quem sabe o divino se desviou

E o profano se converteu após idas e vindas

Quem acreditou não mais creu

Na derrota da morte e na vitória da vida.

POEMA: ANTONIO GUSTAVO