Dia treze de cinzas
Durante a meia noite
A solidão é sufocante
A melancolia é constante
A tristeza jaz insignificante
Peito estilhaçado não bate
Alma que sofre
Coração que morre
Olhos que derramam
Lágrimas
Garrafas que transbordam
Copos
Gargantas que gritam
Úvula que arde
Voz que rouca-se
Palavras que ferem
Relógio que castiga
Tempo que cura
Calendário
Que morre a cada dia
Promessas que voam com vento
Somem como cinzas aos sopros
Diamante esculpido
Polido com cacos de vidro
Espelhando o reflexo
Vida solitária
A pessoa que vê-se
Desperta durante a madrugada
Fria
Escura
No dia do amor
Onde não há dor
Onde existem fantoches
Onde amanhã é amanhã
Mas vivemos de farsa o hoje
O luto do dia 13 é cinza
Assim como a chuva
A vista está cheia d'água
Esvaziando-se sob a lua
Esvaziando-se em palavras
Dores que somem
Como poetas
Restando
Poesias.