A maldição de uma garota nesse mundo doentio.

Mais um dia, ou noite.

Não sei ao certo.

Só sei que estou isolada.

Em minha parede já não há espaço para os traços cortados dos dias contados em que passo trancafiada.

Sem o brilho do Sol para me manter esquentada e onde minha única visita me obriga a manter um falso sorriso forçado estampado na cara.

Todas as coisas retiradas; tudo o que eu poderia ter usado como arma improvisada para pôr fim, enfim, a esse meu pesadelo que nunca acaba.

A parede é macia, forrada para que eu não me atirasse de cabeça torcendo para no mínimo uma amnésia que me fizesse esquecer meus traumas.

Por dentro me destrói, embora por fora me deseje intacta.

Meu filho sozinho, estou de mãos atadas, não sei de mais nada, não te alcanso para lhe dar o amor de uma irmã.

Permaneço algemada.

Essa é a verdade por trás da humanidade; o demônio nada mais é que um homem sem alma.

Ter me dado a vida não o torna dono para querer tomá-la.

Odiando ser imortal.

Quanto tempo passou?

Porquê minha vida não acaba, ao contrário da minha voz que se cessou só para deixar claro que pela sociedade sou ignorada.

A lei falha.

Como falhou com minha mãe.

Espero no fim encontrá-la.

Pedirei perdão e prometo que na próxima vida, jamais serei silenciada.

Ângelä
Enviado por Ângelä em 09/05/2023
Código do texto: T7783869
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