Valeriana
Um novo rosto esperneando
Cupins pelo vinagre das lágrimas
Eu já não posso mais ser esse conforto
Tão pragmático e afeiçoado a espera
Não resiste mais amor em mim
Eu admirei todas as coisas que eu fui
Enquanto você não esteve aqui
E toda pressa fora varrida na lama
Um momento perecível, um domingo qualquer
Cada citação afogada em um rio que corre ao contrário
Suas carícias não vão mais me ressuscitar,
Você é um país de bulas e eu um quarto hotel
Desperdiçando as cores cansadas dos olhos
Como quem estende os braços ao desconhecido
É ridículo estar atado a você por tanto tempo
Vagando em cômodos como se tivesse erguido um museu
Violando o diário exercício da linguagem
Desvencilhar-me de pernas e te escrever
Um hábito, um vício e uma traição
Lançado pelos meus cúmplices antropológicos
A voz encurralada, desesperada
Cisca ânsias, dança fonemas
Teu nome amor meu
Ainda é um pulo político
Há um promessa suspensa no ar
Palpável, a tensão canta como sereia
E enrola no corpo como serpente rala
O limo come dos meus pés
Algo se perdeu naquela época
Te entreguei lembretes de quem eu era
Ainda que sempre tenha hesitado em tuas pupilas
Comemorei como quem teimara todas bodas