DEVANEIO EXCESSIVO
ontem me declarei
pra quem nem era apaixonado,
tô ficando estranho, parece que nem estou ao meu lado.
tudo isso equivale ao tudo
que minha mente cansada em tentar processar,
madrugadas caladas,
tagarelando na solidão.
escrevi uma poesia
para ninguém,
mas você leu.
E entendeu que o futuro
é participo de coisas longe demais,
para três meses sozinho trancado explicar.
meu futuro,
seu passado.
estou ausente.
me falam:
bom descanso.
Eu me levanto e apago a luz,
mas dentro de mim.
acende a ânsia de virar cinzas.
ou talvez uma mirra,
não meu amor,
não mire no alvo errado.
estou errado,
estou errando por querer.
pois,
muitas vezes,
acertei sem ver.
não quero dizer seu nome
para o escuro.
Ele poderia responder
que você não está.
Sento na mesa de jantar,
E servido ao molho de tomate,
o meu coração mal passado,
a sopa de meus ossos ao lado.
me consumo em fome,
tem vez que esqueço
até que sou um "homem",
E que sou privado de chorar.
Pela noite quero te amar,
pela manhã,
consumo um cigarro
para começar o dia morrendo.
os olhos doendo,
não é dor,
é desespero.
olho no espelho
e canto mais uma canção.
invento uma história
quando volto da estação.
aquele vinho me deixou
um pouco alto.
nunca fui baixo,
tenho mais de
um metro e oitenta.
por dentro pequeno,
vulnerável.
o vazio do maço,
o pulmão cheio de fumaça.
a brasa queima meus dedos
a cada bituca resgatada.
alma?
não, tenho calma.
mas faltou pouco para também não ter.
eu aprendi no entardecer que a noite é a única verdade.
toca o alarme,
mas eu só dormir duas horas.
pouco importa,
o capitalismo não espera.
para sustentar tantas festas,
só mesmo um trabalho que me pague.
de novo o alarme,
já faz duas horas que não durmo.
a fome, o desespero e o fumo,
querem me matar.
E eu, quero matar a morte.
E eu, quero que o norte vire sul em algum lugar.