O GRITO DO SILÊNCIO (Um poema em forma de epitáfio)

Quando alguém perguntar qual o pior e mais tenebroso grito de saudade, a resposta será O GRITO DO SILÊNCIO... esse não afeta os ouvidos, ensurdesse a alma.

Triste quando o sabor de um prato se perde

Quando o gosto de um sorvete não faz sentido

Quando o perfume não agrada

Quando o prazer vira ciúme

É chato pensar em algo e imaginar que você estragaria tudo...

Que ao invés de verdades, mentiras

Que em lugar de sinceridade, omissão

Nada é mais assustador que planos cheios de medos

Terrível apontar de dedos

Frágil relação

Talvez a dirá que seja minha culpa

Porque no fundo não pode a sua, admitir

Prefere fingir papel de vítima

Melhor que qualquer redarguir

Pensei na praia sem você

No por do Sol sem tua companhia

Na pousada, jantando, ou café da manhã

Tudo sendo nada, cama e mesa vazias

O telefone que já não chama

As mensagens que já não notificam

Mas uma pergunta não se cala

Mesmo ausente a fala, os corações como ficam?

Enfim, a vida passa

E como quem suspira um último suspiro

Assim termina uma história

De quem dizia amar, muito me admiro

Percebendo que o amor era narcisismo

Um amor que idolatrou a futilidade

Como em grande parte é o amor

Fruto da utilidade

E como dói o silêncio

É paradoxalmente grito ensurdecedor

Não captado pelos ouvidos

Pela alma tamanho sentido

Rasga, rompe, quebra o coração

Como uma taça que cai manchando de vinho

Como se fosse sem asas o passarinho

Que se despedaça caindo ao chão

Com saudade e eternas memórias, ainda que nunca vás admitir que, ora, senti...

(F.Fidelis)

Poeta entusiasta

FidelisF
Enviado por FidelisF em 26/04/2022
Código do texto: T7503201
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