Outono
Todos os dias me pergunto
se esse inverno que entrou,
quando deixei o jardim
para outro jardineiro,
dará vez à próxima primavera
Minha cabeça ainda é caótica
e você, de flor a roseiral,
perfumada e frondosa,
se fez morada e acalento
para colibris atenciosos
Seus cabelos negros realçam
a constelação do seu sorriso,
onde cada estrela é uma memória doída
e seu olhar lunar
eclipsa meus sonhos
de cultivá-la novamente
Devo conviver com minha escolha
condenado a amar-te à distância
mas tê-la sempre por perto.
Seja na lembrança do teu toque,
na tua voz pelo telefone
ou nos versos da tua alma,
Mantendo viva a conexão que nos une
Esperançoso, aguardo a estação
que me trará novas flores,
mas na minha vez,
as folhas estão sempre secas
e volto novamente ao outono
quando tudo o que há para fazer
é aguardar o inverno