Verdades Mal Ditas
Meu bem,
que poderia eu dizer
se na verdade
sempre quiseste manter
portas abertas para a dúvida?
O que diria eu
quando já estavas certo
desde o começo
que a verdade habitando
teu peito
te gritava por fim
e não (re)começo?
Me bastava a verdade
pr’eu escolher, como você,
se era meu desejo
viver em meio ao teu passado
— que não se foi...
E só agora consigo e vejo
meu poder de escolha
sendo privado
sentenciado
com as palavras
que importavam
jamais saídas de tua boca....
... Até hoje.
Quantas ações futuras
seriam poupadas
com uma palavra dita?
Já dizia algum poeta:
Uma verdade mal dita
Vale mais que ingênuas mentiras.
Quantas vezes te olhei
e no mais fundo de mim
algo dizia com força:
“Larissa, este lugar
ainda ocupa outra”.
Nas incertezas caminhei
carregando traças a me corroer...
A verdade tardou, mas ela veio
— nua e crua.
E, por crueldade tua,
quando já não tinhas nada mais
a ti por perder.