Em vão disfarça o tédio
Ao quedar-se nesse banco
De pureza virginal
A brancura de seu tampo
Uma janela atrás se abre
Muito além o entretanto
Um olhar fixa-nos de frente
Noutro olhar o horizonte
De marrons tons é o piano
Mas também de tampo branco
Em uma vírgula se apoia
Do buquê faz mero encanto
Pela fresta da janela
É onde anda os pensamentos
O vazio traz no olhar
Cerca-lhe ângulos e elementos
Arestas e vértices
Que os há em todo casamento
Ainda assim assiste a tudo
Impávida e indiferente
Como se aquilo fora
A si não pertinente
Lá fora tão distante
Com amor se casaria
Já cá dentro é diferente
Como se fosse outrem
Assim se percebia
Obs: poema feito para esta pintura que me foi presenteada por uma grande artista pimentense, Fátima de Oliveira.