DESENCANTO

 

 

Entristece-me este teu desencanto,

ao deixar-me num canto...

... Dói-me a alma.

Cala-me a canção

e o encanto.

 

E eu, que fiz de ti poesia,

já nada sou, senão silêncio e saudade,

folha ao vento, ao relento,

um fim de tarde...

Morre o sonho e a utopia.

 

E eu que morria de amores,

que beijava tua boca, sôfrega, hoje choro minhas dores, infinitos desamores...

... Peno, vago, pela rua,

sob a lua, quase louca.

 

E se o coração pena,

sangra o verso, rezo o terço,

viro o verbo pelo avesso

e desse desencanto, no meu canto,

lavo a alma num poema.

 

Elisa Salles

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Elisa Salles
Enviado por Elisa Salles em 17/03/2022
Código do texto: T7475080
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