Folguedos
Presságios nas formas reais da tua existência.
Imaturos sentimentos se alastram como chagas,
sobrepondo as distâncias, ferindo-me lentamente,
no amanhecer de meus sonhos, nesse teu apelo.
Dor errônea é a dor do amor,
que machuca, que insiste nessa tortura,
que não tem cura na saudade, nesse desamparo,
no incompreensível alimento desses ardores!
Justo agora que dimensiono meu ser,
em tudo que representa tua forma resplandecente,
teu jeito, tua maneira sincera de se dar...
Justo agora, é que tenho medo!
Pressinto a construção desses sentimentos,
desfazendo amarras nas cicatrizes desse tempo.
Percebo que me confundo, que me machuco nesse cenário,
destoando, afogueando nossos corpos nessa entrega.
Amor convidativo e incontrolável nesses folguedos,
disseminando esperanças nessa entrega, contaminante.
Sentimentos que se alicerçam entre imperceptíveis dias,
dias de esperança, no alvor dessa madrugada tênue.
Ah, que venham noites plenas abundantes!
Nesse conformismo bordejando nossos corpos cansados,
que venham a contemplação desse quarto escuro, cúmplice.
Deixa-me sereno, acalentado pelos apelos dessa noite!