O último poema

Não teve culpados

Mas teve culpas...

Não teve um pedido de desculpas.

Dessa vez não tive culpa

Não tive abraço

Nem beijo

Só quis sentir meu desejo.

E eis que o último poema jaz,

Ora, quem diria!

Na mesa de necropsia...

Tome, doutora, esta tesoura

E corte

Minha singularissima pessoa

Por dentro verás um homem

Que te amou

Por dentro verás um poema

Que pranteou

Tudo de vocês, que foi tão belo

E agora não passa, cada vez mais

De um cadáver que se desfaz...

Uma homenagem ao poeta Augusto dos Anjos.

Sergio Vinicius Ricciardi
Enviado por Sergio Vinicius Ricciardi em 05/12/2021
Código do texto: T7400717
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