91°
Como posso dar o mundo a alguém
Se não sou dono de nada
Que incompletude amorosa é essa
De querer dar o que não se pode dar
Quando o que se pode dar é atenção
Como darei a minha amada algo surreal
Se a realidade me fez amá-la
É quase improvável dar a alguém
O que não suportamos
Como entregar a ultima poesia
Se não sou o ultimo poeta
Quanta vaidade existe em mim
Para dar a ela o que não posso dar
É presunçoso demais ultrapassar o real
Para manter presa numa falsa liberdade
A mulher que amo
Como posso tiranizar o sentimento
Com palavras vãs e vazias
Se a realidade é a maior prova de amor
Como provarei para minha amada
Esse sentimento primordial
Promete-se a ela tudo o que não posso dar?
Otreblig Solrac - O poeta burro