CORES MORTAS

CORES MORTAS

Naquele 1º de abril,

cores vivas,

cores da vida,

avermelharam o chão;

ficaram registradas

em mim,

como a cor da derrota,

apesar da resistência.

No dia seguinte,

frases tortas,

cores mortas:

fotografias em preto e branco

ilustrando as melancólicas

páginas dos jornais.

Hoje, diante da tempestade,

alimentando a verdade,

ainda ilustram os livros,

que não morrerão jamais.

A violência em repouso

- sono profundo ! –

nos arquivos

da maldade,

em nossas capitais,

são provas cabais:

retratos vivos

que a presente amnésia

pretende sepultar.

O que no dia anterior

se via,

no dia seguinte

se confirmaria:

a calmaria

que veio nos calar.

No leito do sono,

almas trevosas

ameaçam se levantar

- para nos acordar –

- para nos assustar – ,

- e, se possível,

para nos matar.

NELSON MARZULLO TANGERINI

Nelson Marzullo Tangerini
Enviado por Nelson Marzullo Tangerini em 12/11/2021
Código do texto: T7384341
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