Areias
Há um sofrer, que de tempos em tempos retorna.
Bate à minha porta. Reclama até do vento.
Ventania que me carrega ou que atira o pó do chão em minha casa.
Traz consigo tanto pranto, tanta dor.
Que é isso que fazes comigo?
Dentre tantas escolhas possíveis do amor... dentre tantas, teu silêncio.
Ah vento, que me trazes tantas alegrias, que de todas as felicidades sem fim, dentre tantas melodias, me traz este bendito sofrer.
Que me arranca o peito.
Que me pisa a alma.
Que me maltrata o coração.
Como queria sofrer de outra emoção
Como queria conhecer melhor quem tu és.
Ficará então para outra vida, viver em morada mais limpa
E que não voltes, o vento,
A soprar na sombra da minha paz
Com poeira imunda que o arrependimento faz
E que se espalha nos azuleijos do meu tempo.