Mordaça.

A mão que cala a escancarada boca

É a mesma que desfere o mortal punhal

Contra o peito aflito,

Da miserável dor do esquecido irmão.

.

Que ora clama receber dos deuses falidos,

O inolvidável e jamais pronunciado perdão.

.

Cai de joelhos, jamais vencido,

Olha nos olhos do algoz que fere.

Jura silêncio no cumplice segredo

Das mentiras escarradas,

Contra si pelo cruel opressor.

.

Ora recolhe o que sobra da triste perda

E espera ainda o jamais pronunciado perdão.

.

Já não sabe o que fez

Para receber do algoz tirânico,

Tanta maldade, tanta opressão,

Cai de joelhos, jamais vencido,

Ora aos deuses o tardio perdão

Pelo que não lembra ter cometido

Contra o que ora lhe tira o chão.

Jeanne Geyer
Enviado por Jeanne Geyer em 21/09/2021
Código do texto: T7346928
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