Mordaça.
A mão que cala a escancarada boca
É a mesma que desfere o mortal punhal
Contra o peito aflito,
Da miserável dor do esquecido irmão.
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Que ora clama receber dos deuses falidos,
O inolvidável e jamais pronunciado perdão.
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Cai de joelhos, jamais vencido,
Olha nos olhos do algoz que fere.
Jura silêncio no cumplice segredo
Das mentiras escarradas,
Contra si pelo cruel opressor.
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Ora recolhe o que sobra da triste perda
E espera ainda o jamais pronunciado perdão.
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Já não sabe o que fez
Para receber do algoz tirânico,
Tanta maldade, tanta opressão,
Cai de joelhos, jamais vencido,
Ora aos deuses o tardio perdão
Pelo que não lembra ter cometido
Contra o que ora lhe tira o chão.