Escoar

Porque roubaste

Todo o sossego

O sabor de um chamego

E colocou cada tropeço

Que me afastou de meu começo?

Surrupiou o significado

Anúncio desbocado

Galho serrado

Não há como fugir

Deste agouro mau-amado

Cada segundo do meu adorar

Repousa-me, faz-me sonhar

Com seu distante olhar

Porém o seu amargo distanciar

És uma névoa de amedrontar

Retalha o meu amar

Causa um rude acordar

Que me faz chorar

Seu nome, quero chamar

Onde tu irás ficar

Para me ver escoar

Todos os motivos que me fazem

Querer cantar

E tentar tirar

As razões do meu lamentar

Se eu lhe pedisse

De bom grado

Que me faça um agrado

Pago com qualquer nota de gratidão

E todas as moedas de saudade

Pelo velho curso deste rio

Que me espelha

Você aceitaria?

Me entregaria?

Me veria rir

Sorrir

Colorir

Ou me veria cair

Sair

Para sempre dormir?

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 11/09/2021
Código do texto: T7339946
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