Desarranjos de um desamor
Desarranjos de um desamor
Alegre não pode ser quem não é amado nessa vida
porque em contrapartida sempre carrega consigo
uma solidão que se transforma em um abrigo
e o labirinto de sentimentos se torna cada dia mais perverso.
Quão alegre penso ser quem tem amor nessa vida
já que a estrada comprida que todo dia enfrentamos
recheada de amargos espinhos e percalços
se torna mais leve quando é compartilhada a dois.
Ah, eu já tive alguns momentos desses que digo alegres
e quão breves e sem futuro esses foram
mas o abandono que se traduz em um engasgo de meu peito
até hoje não consegue superar essa felicidade efémera.
Ah, o amor como já dizia o longínquo Luís de Camões
é a ferida que dói e não se sente, e ele não mente,
porém o desamor se sente todos os dias, todas as noites
e parece mais com longos açoites a sempre nos atordoar.
Confesso que queria viver, mesmo que seja breve, novamente
esse sentimento transcendente que não consigo explicar
nem em prosa, verso ou em glosa
essa magia poderosa que tem o tal de amor.
Confesso também que para mim, e meu eterno achismo
o amor é um vício lícito que todo mundo deve ter
e conhecer também o seu lado negro, pois o amor apaixona
e o desamor ensina que sem amor a vida fica cinza.
Mateus Almeida Santos. 10/09/2021