Simbiose (Quero voltar a dormir)

Acobertado sob a penumbra

Deitado dentro da tumba

Corpo chumbado

Pensamento embalado

Sentimento degenerado

O que eu expresso, enterrado

Passando pela fresta

Fruto da tempesta

Me desperta

Infesta

Pousa sobre minha testa

Brilho do sol

Celestial farol

Incide sobre mim

Torna-me atol

E deixa-me assim

Bênção que ilumina

Intrínseco à mim, elimina

Engrenagens do meu eu, domina

Linha de razão, tão fina

Rouba-me a acetilcolina

Deixa-me pálido

Tal qual a despedida

Da cobalamina

Os circuitos superiores

Puxam de volta

Salvam desse caos

Que me entorta

Porém o vinho da terra

Me contém

Me faz refém

E conduz ao além

Desperta

Quebra

Doura

Rouba

Engrandece

Fere

Coloca enxerto

Põe cabresto

Cada órbita

Seu filtro

Sua cor

Com amor

Sem amor

Água

Ou veneno

Quero deitar

Retornar

Chorar

Gritar

Resguardar

Quero dormir

Sucumbir

Sumir

Se a cegueira é o meu fim

Prefiro que o meio seja o nada

Do que o tudo

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 31/08/2021
Código do texto: T7332355
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