FOLHA SECA
Sou aquela folha seca
Rechaçada aos seus pés
Ao vento senti-me borboleta
Quando beijei o chão fui o revés
Eu que aspirei o orvalho
Banhei nas gotas de chuva
Na primavera nascituro solitário
E neste inverno ajuntado por saúvas
Se eu não fui a tua sombra
Peço então que me compreenda
Fui concebida na silhueta oblonga
E cada qual segue rumo a sua senda
Eu ofusquei o brilho do sol
Para lhe dar alguma proteção
Bamboleei com alegria no arrebol
No temporal então houve a disrupção
Esgrimi com alguma candura
E sucumbi a tenaz cólera do vento
Sobrevindo ao binário alguma firula
Onde o tudo..Era só questão de tempo
E foi ali que permaneci estirado
Até me deparar com os teus pés
Não com a missão de ser embargo
A lembrar daquela que foi teu convés