sobre abrir mão e o peito para o amor partir
te amar foi meu primeiro grande ato de coragem na vida.
eu precisei deixar todas as minhas dúvidas de lado para me jogar no precipício que é o amor.
meu segundo grande ato de coragem foi te deixar partir.
às vezes eu me perguntava como era ser corajoso, antes de te conhecer.
porque, assim, amar é um ato de coragem.
mas, deixar alguém que amamos muito partir,
abrir mão de alguém que não pode mais habitar no nosso peito,
é o verdadeiro ato de coragem.
uma matemática ruim ou uma metáfora malfeita é o que culmina numa sentença incompleta.
até que veio você.
e, você, como as constelações, as guerras, a paz após a tempestade, foi inexplicável.
te encontrar, em meio a tantas pessoas, foi inexplicável.
você olhou para mim e tudo parou.
eu me perdi em seus olhos e já não há nada que me fascine mais.
então era justo que eu, por coragem, te amasse e amasse o inexplicável.
e por ela, pela coragem e pelo inexplicável, também te deixasse ir.
só o amor não era o suficiente para te deixar aqui, comigo.
era preciso te libertar e me libertar e não existe explicação para isso.
te amar é inexplicável.
e ainda bem que não há razão no amor.
a partida da pessoa que amamos e que queremos tanto é o fim em si mesmo.
o término de dois corações que se amaram muito um dia.
não há beleza e poética mais bonito que o amor,
ainda que seja no fim de um grande amor.