sobre abrir mão e o peito para o amor partir

te amar foi meu primeiro grande ato de coragem na vida.

eu precisei deixar todas as minhas dúvidas de lado para me jogar no precipício que é o amor.

meu segundo grande ato de coragem foi te deixar partir.

às vezes eu me perguntava como era ser corajoso, antes de te conhecer.

porque, assim, amar é um ato de coragem.

mas, deixar alguém que amamos muito partir,

abrir mão de alguém que não pode mais habitar no nosso peito,

é o verdadeiro ato de coragem.

uma matemática ruim ou uma metáfora malfeita é o que culmina numa sentença incompleta.

até que veio você.

e, você, como as constelações, as guerras, a paz após a tempestade, foi inexplicável.

te encontrar, em meio a tantas pessoas, foi inexplicável.

você olhou para mim e tudo parou.

eu me perdi em seus olhos e já não há nada que me fascine mais.

então era justo que eu, por coragem, te amasse e amasse o inexplicável.

e por ela, pela coragem e pelo inexplicável, também te deixasse ir.

só o amor não era o suficiente para te deixar aqui, comigo.

era preciso te libertar e me libertar e não existe explicação para isso.

te amar é inexplicável.

e ainda bem que não há razão no amor.

a partida da pessoa que amamos e que queremos tanto é o fim em si mesmo.

o término de dois corações que se amaram muito um dia.

não há beleza e poética mais bonito que o amor,

ainda que seja no fim de um grande amor.

Belinda Oliver
Enviado por Belinda Oliver em 08/05/2021
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