Quimera
Já fui incansável, há não tão muito tempo, encontrei um ser angelical com bochechas rosadas, estranhei por não ter asas, pensei que fosse uma tentação do que dizem ser inimigo.
O sorriso daquele ser místico, sublime...
Parece que os raios de mil sóis foram lançados na retina o que me causou fotofobia até a data desta escrita, morrerei usando óculos para deter essa claritude, ceguei com o alumiado destes olhos castanhos.
Os anjos não tem dono senão o criador.
O pequeno eu, só alcançou a platonicidade dessa obra divina.
Deus à deu a um outro pecador.
Talvez devesse ter pecado mais.
Acredito que ele não me queria perto das suas criações, posso corrompê-las.
Sabe, já havia encontrado outra quimera do poderoso.
A boca era menos rosada, o cabelo começava mais acima da cabeça, tinha um emaranhado que eu tentei me embrenhar.
Perdi noites pensando naquela carnuda palidez, tocando a minha viva carne.
Eu consegui encostar naquela máquina do misterioso engenheiro, encostei-me no teu seio mas, Platão me persegue.
Encostei minha cabeça nas peças que a equilibravam e passei uma tarde desejando outras mais, naquele mesmo banco, sentindo o perfume das mãos do altíssimo naquela blusa preta.
Teve um malamanhado que disse que o dono da terra está morto, eu duvido muito.
Ninguém faz o que esse senhor faz, ele é tão detalhista, um pé que calça 35, 1.55cm de tamanho com um quadril enlarguecido,
O rosto como uma tela em branco que, aos poucos, jogou-se tintas e desenhou à mão cada traço daquela geométrica face.
O artista espiritual foi egoísta comigo e me lançou um magnetismo com defeito, sou atraído e repelido quando muito me aproximo.