Velhos setembros

Ai que saudades daqueles setembros.

Do final das tardes e caminhadas.

Do sol poente no firmamento.

Testemunhando nossos momentos.

Romanceando nossas mãos dadas.

Crianças correndo a esmo.

Cãezinhos latindo na orla.

E o desajeitado poeta, apreciando o porto.

Algodão doce, eu relembro.

Eram os teus preferidos!

Os teus lindos olhos sedentos

Eram meu maior sentido.

Era a vida que nos reuniu.

Sob raios de sol moderados.

Moldura como nunca se viu,

Dois passarinhos! Iluminados.

E a multidão alheia caminhava.

Real testemunha era apenas o sol.

O mundo se perdia, as vezes se achava.

Mas juntos nós éramos algo mais.

As rugas surgiram tão cedo, eu me lembro.

Mas teu sorriso só fez mais ameno.

Éramos gêmeos de amor eu sabia.

Fomos metades iguais eu sabia.

Por razões que nem eu entendo.

E os grisalhos cabelos insistiam em surgir.

Não os disfarçavam mais os chapéus.

Mas pouca importavam, riamos.

Era nossa vida, estávamos juntos, graças aos céus.

Mas a vida é um mistério, indomável como deve ser

Houve por bem, juntar e desfazer.

E dores terríveis me fez experimentar.

O restante suponho que sabes, esse é o destino da humanidade.

O único casamento inevitável.

Sobraram os retratos, as roupas os lamentos.

E enquanto espero, idoso, o meu momento.

Sei muito mais sobre a eternidade.

Glauco Medeiros
Enviado por Glauco Medeiros em 15/03/2021
Reeditado em 02/12/2022
Código do texto: T7207859
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