Jardim Solitário

- Do alto do morro construirei meu castelo

Para todos aqueles que desprezam

Vejam o sol nascer por trás da minha face -

Foi o que pensei,

Mas quando o castelo foi construído

Toda a angústia e vergonha consumiram meu íntimo,

E eu nunca saia à varanda

Para cumprir o meu ímpeto.

Não há beleza em nada!

Nem em mim, nem nesta torre

Nem no céu ou mar

Então próximo ao vilarejo

Regarei um jardim morto

E quem sabe a beleza num sopro,

Volte a desabrochar.

Os anos se passaram

O jardim floresceu solitário

Até que em um dia alguém apareceu

Enraivado e frustrado

Quis deixá-la em pedaços

Mas pus me a observar

Depois de anos, alguém finalmente pisar neste lugar.

Eis que começou a vir todos os dias

E aos poucos me encheu de alegria

De longe observar e mesmo aprender a amar

Mas o amor é traiçoeiro,

Encheu-me de agonia o peito

E logo observar não era suficiente

Mas eu não me sentia gente

Com essa cara de monstro delinquente

Jamais poderia me aproximar

Em outra manhã o sol nasce

Naquele dia prometi que tomaria coragem

Mas ninguém apareceu

Nem neste dia, nem nos outros

E assim chegou o outono

E mesmo as flores começaram a murchar.

Preocupado sai do castelo

Depois de anos a me ocultar

Só para descobrir ao chegar no vilarejo

Que aquela pessoa, tão doce e boa

Não estava mais nessa terra.

Praguejei a todos os céus,

Por esta face maldita de dar!

Praguejei a mim mesmo por não ter tido forças

Para alguma coisa mudar

Volto ao jardim e planto uma flor azul,

Que este mundo nunca viu

Mando como uma mensagem de adeus

Para o meu amor que sempre sorriu

A flor se solta e viaja para longe

No lugar escuro do desfiladeiro

Onde ela caiu.

Baseado em "La città di Smeraldo" e "The truth untold".