Deserto
Nossas juras de amor
escrevemos na areia da praia.
O mar, desavisado,
veio apagar.
Quando dizia me amar,
sussurrando em meu ouvido,
pensava ser eterno.
Eterno como nosso pôr do sol
em nossas memórias.
Eterno como o beijo
que esperei pra te dar.
Eterna como a dor
que me consome a alma.
Eterna como a solidão
que me rodeia,
em meio a tantos rostos.
Eu fecho os olhos e é você que vejo.
Eu sorrio em um momento feliz
e é de você que lembro.
Meu grito sufoca, eterno.
Quero você em meus braços,
seu cheiro, o som da sua voz.
Quero as mentiras que me disse,
as promessas que me fez.
Quero não ter coração,
mas já não o tenho,
pois a você ele pertence.
Sua lembrança me guia na escuridão,
e sigo crédulo
ciente de que me leva ao precipício.
Me olho no espelho
e não me reconheço.
Entre fotos e palavras,
é você que procuro.
Vomito versos ruins,
nada faz sentido.
Os dias se arrastam
e me culpo.
Fiz do deserto meu lar
e escrevo juras de amor na areia.
Não há mar para apagá-las.
Não há ninguém para lê-las.
Não há você.