Deserto

Nossas juras de amor

escrevemos na areia da praia.

O mar, desavisado,

veio apagar.

Quando dizia me amar,

sussurrando em meu ouvido,

pensava ser eterno.

Eterno como nosso pôr do sol

em nossas memórias.

Eterno como o beijo

que esperei pra te dar.

Eterna como a dor

que me consome a alma.

Eterna como a solidão

que me rodeia,

em meio a tantos rostos.

Eu fecho os olhos e é você que vejo.

Eu sorrio em um momento feliz

e é de você que lembro.

Meu grito sufoca, eterno.

Quero você em meus braços,

seu cheiro, o som da sua voz.

Quero as mentiras que me disse,

as promessas que me fez.

Quero não ter coração,

mas já não o tenho,

pois a você ele pertence.

Sua lembrança me guia na escuridão,

e sigo crédulo

ciente de que me leva ao precipício.

Me olho no espelho

e não me reconheço.

Entre fotos e palavras,

é você que procuro.

Vomito versos ruins,

nada faz sentido.

Os dias se arrastam

e me culpo.

Fiz do deserto meu lar

e escrevo juras de amor na areia.

Não há mar para apagá-las.

Não há ninguém para lê-las.

Não há você.

Gilberto Junior
Enviado por Gilberto Junior em 06/03/2021
Reeditado em 06/03/2021
Código do texto: T7200069
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