Fogo na Galeria
Adentrou se porta e se pôs a apresentar os quadros:
Fia, o arroz queimou!
Você está rindo de quê?
Está cantando, que música é esta?
Alguém deu comida para o cachorro?
Só aprendi a amar, não conheço rancor!
Droga de quadros!
Será que tens quem o aguarda?
Deve ter uma dúzia de amores!
Está febril?
Você já almoçou? Esqueci!
Não gosto de emoji que revira os olhos!
Você fechou os olhos e agarrou em meus cabelos enquanto fazíamos amor!
Será que sabes ler poesias?
Apaguei o contato, mas reapareceu feito estigma!
Auréolas incandescentes!
Que delícia, toca para mim!
Apago da máquina já do homem não garanto!
A noite passou inteira ao escuro dos olhos estatelados!
Diz isso a todas, não se engane!
Seus batimentos estão alterados!
Seu corpo está diferente!
Vem, você está tão quentinha o que ocorreu?
Ouve se um estrondo a porta obras idealizadas. Frustrada por não conseguir harmonizar os quadros, resolveu aprender com a dor o que a felicidade não lhes ensinou, sacou o fósforo e ateou fogo à galeria!
Olhou para si e viu um coração em chamas ardentes.
Ergueu os olhos em lágrimas e disse: com licença preciso recompor tenho um coração à remendar!