Minha história
Como na música do Chico e do Tom
Nós também tivemos os nossos "Anos Dourados"
E eles tiveram seu próprio tom...
Nos "Anos de Chumbo", lá por 70
Eles foram apaixonados e rebeldes
Teve música, bailes, reuniões, teve cinema, teve protestos, abaixo a ditadura e muitos beijos
Teve o atemporal desejo...
Hoje eu desejo que ele não tivesse passado
Como o teu passou.
Casados, eu grávida, estudantes universitários
Teu pai veio dar um jeito na tua vida
Te tirou da militância, te focou "na importancia"
Te encaixou numa grande empresa, onde fizeste carreira
E eu, cada vez mais, descendo ladeira abaixo, impotente
Sozinha com a casa e o bebê
As aulas, as coisas pra ler
Mesmo assim me formei.
Tu não apareceste lá, no dia
Estavas em outra...
Levando tuas coisas embora
Pra morar com a outra.
O que me restou, depois, foi reclamar baixinho
No tapete atrás da porta...
Sinal fechado pra nós dois.
Não amei mais
Cada vez mais calada
Me dediquei ao meu filho e às minhas aulas
De vez em quando esbarro contigo nos jornais, colunas sociais
Um tanto querer virou não te quero mais
"Parece que dizes, te amo, Maria..."
Como ela, também assim me chamo!
"Na fotografia estamos felizes..."
A fotografia? Foi só o que restou
E, com ela, os "Anos Dourados" vão desbotando
Perdendo com o tempo cada vez mais o encanto e a cor...
"Deixa em paz meu coração
Ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água."
Uma singela homenagem ao mestre Chico Buarque, uma paixão desde a adolescência. Cito aqui alguns de seus versos, de grandes sucessos.