Minha história

Como na música do Chico e do Tom

Nós também tivemos os nossos "Anos Dourados"

E eles tiveram seu próprio tom...

Nos "Anos de Chumbo", lá por 70

Eles foram apaixonados e rebeldes

Teve música, bailes, reuniões, teve cinema, teve protestos, abaixo a ditadura e muitos beijos

Teve o atemporal desejo...

Hoje eu desejo que ele não tivesse passado

Como o teu passou.

Casados, eu grávida, estudantes universitários

Teu pai veio dar um jeito na tua vida

Te tirou da militância, te focou "na importancia"

Te encaixou numa grande empresa, onde fizeste carreira

E eu, cada vez mais, descendo ladeira abaixo, impotente

Sozinha com a casa e o bebê

As aulas, as coisas pra ler

Mesmo assim me formei.

Tu não apareceste lá, no dia

Estavas em outra...

Levando tuas coisas embora

Pra morar com a outra.

O que me restou, depois, foi reclamar baixinho

No tapete atrás da porta...

Sinal fechado pra nós dois.

Não amei mais

Cada vez mais calada

Me dediquei ao meu filho e às minhas aulas

De vez em quando esbarro contigo nos jornais, colunas sociais

Um tanto querer virou não te quero mais

"Parece que dizes, te amo, Maria..."

Como ela, também assim me chamo!

"Na fotografia estamos felizes..."

A fotografia? Foi só o que restou

E, com ela, os "Anos Dourados" vão desbotando

Perdendo com o tempo cada vez mais o encanto e a cor...

"Deixa em paz meu coração

Ele é um pote até aqui de mágoa

E qualquer desatenção, faça não

Pode ser a gota d'água."

Uma singela homenagem ao mestre Chico Buarque, uma paixão desde a adolescência. Cito aqui alguns de seus versos, de grandes sucessos.

Sergio Vinicius Ricciardi
Enviado por Sergio Vinicius Ricciardi em 18/02/2021
Reeditado em 19/02/2021
Código do texto: T7187740
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