Veneno
Perdido na confusão
de meus pensamentos,
tropeço em lembranças.
Desço a rua em meio aos carros
que seguem impetuosos
o seu destino na metrópole,
atrasados pelos semáforos.
Em meio a ambulantes,
caminhantes e casais,
vejo nós dois
num passado pouco distante.
Por que tudo ainda me lembra você?
Que montanha é essa cujo topo eu não vislumbro?
De onde tirar forças, se já estou exausto?
Alguns dias sou capaz de correr
rumo ao topo invisível.
Em outros me arrasto,
miserável.
Permaneci por muito tempo,
ciente que aos poucos a montanha
se lançava verticalmente
rumo ao infinito.
Temia a jornada
que agora enfrento sozinho,
enquanto assistes confortavelmente
em seu ego.
Atiras em mim o que eu pensava
ser um novelo para me tirar desse labirinto.
Patético, descubro ser a língua da serpente
que me atrai ao bote.
Aos poucos vais perdendo
a máscara que cobre a face horrenda.
E percebo que por vezes
pude vê-la de relance.
Como não fui capaz de perceber
quem eras?
Ou será que percebi
e ignorei?
Egoísta. Covarde. Canalha.
Seu veneno será servido
em comemoração à minha vitória.